
Nestes dois anos já consegui atenuar as minhas dores, o tempo é um amigo silencioso que ajuda a esbater os desgostos, mas sinto que ainda não chorei tudo e é preciso por tudo cá fora para encerrar o luto pela minha primeira vida; Há coisas que ficaram por dizer e por fazer, também estas têm que ser resolvidas para que o ciclo se complete, sei que não irão mudar nada nesta nova vida mas algo tenho que fazer, mesmo que seja apenas escrever sobre elas. No fundo o que eu preciso é tirar certos sentimentos e pensamentos que ainda me corroem e depositá-los em alguém ou em algo. Quando morri já não tinha amigos íntimos para chorar as palavras que precisavam sair, quem seria amigo de verdade para chorar comigo, para escutar e sentir? Eu tentei mas a pessoa que procurei só estava disponível para os próprios problemas e a falta de interesse só me deixava pior, desisti. Na falta de alguém sobrou o "algo" e a solidão empurrou-me para a necessidade de escrever, o papel pode ser melhor confidente que certas pessoas e assim comecei a transferir para aí o que estava depositado no meu coração e na minha mente. Para um verdadeiro luto preciso de vasculhar o passado, que ficou como um fantasma destes 35 anos. Como o papel tem os dias contados e eu até sou moderna é aqui que vou registar os meus silêncios, mesmo que sejam só para mim...
5 comentários:
Adorei os silêncios do seu blog...
PF - Câmara de Comuns
Adorei MESMO este texto.
Também eu me sinto à beira de uma morte urgente. Só morrendo este "eu" poderei recomeçar uma nova vida.
Mas eu não vou fazer luto por esta minha morte... irei usar vermelho desde o dia que me finar.
kiss*
Querida Gingerbread, é muito triste morrer em vida mas a parte boa é que podemos renascer como uma fénix, revigorada e ainda mais bela. Espero que o vermelho te fique bem, bj
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